terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Rude cruz

"Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. [...] mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos". (1Cor 1.18;23).
Paulo nos deixa uma clara declaração do que representa a Cruz: loucura para uns, vergonha para outros, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus, manifestação do imenso amor de Deus, que através do sacrifício de Seu Filho, nos resgatou do pecado e da morte, nos justificou, nos transformou, e nos acolheu em Seu coração.
Através dessa simples e pessoal confissão de fé, crido e aprendido em minha caminhada cristã, resumo das verdades bíblicas, fico a pensar: por que nega-se tanto a Cruz de Cristo? E o pior, no contexto cristão, onde todos foram resgatados por ela...
Cruz envolve sacrifício, dor, renúncia, perdas, sofrimento... Em nosso contexto pós-moderno, com um forte apelo hedonista, a mensagem da Cruz tem sido cada vez mais abandonada por um discurso triunfalista, de conquistas a qualquer e a todo custo. Manipula-se Deus... Exige-se respostas... Determina-se vitórias para satisfação de nossos mais íntimos desejos de conforto e bem-estar...
Mas, olho para Jesus, ali pendurado no madeiro, naquela rude cruz, e penso... Onde estava seu prazer? Onde estava a satisfação de seus desejos mais íntimos? Onde estava as conquistas que Ele ansiava para obter mais bens e poder?... Uma unica coisa Lhe passava à mente entorpecida pela causticante dor: a humanidade pecadora... você e eu... Sua conquista: nossa salvação... Seu prazer: nossa liberdade... Sua ânsia: abrir o Céu para todos... Sua conquista: nossa morada eterna (Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar.(Jo 14.2)).
Cruz representa dor, a dor nossa de cada dia, nossas renúncias, nossas lutas, nossos medos, nossos fracassos. É triste ver um cristianismo sem Cruz, pois assim sendo é um cristianismo sem esperança, sem vitória, apenas para esta vida, pois "se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens" (1Cor 15.19). Cruz representa fracasso, mas não o fim, e sim o começo de uma nova história.
A Cruz também nos lembra de nossa condição, do preço de nosso pecado, outra coisa também esquecida nesse cristianismo desprovido de Cruz. Lembra-nos que não somos o centro do universo, de que não somos criadores de Deus, mas sim suas criaturas, pois Ele mesmo despojou-se de Sua condição, como nos diz Paulo:"sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz."(Fp 2.6-8).
Por fim, sem a Cruz não haveria Ressurreição, que é a verdadeira vitória, pois, nestes dias de luta, dor, decepções e frustrações, nada melhor que olhar para o Autor e Consumador de nossa fé e ver que a vida, apesar de tudo, vale a pena ser vivida.
Não dá para ser genuinamente cristão, no real sentido da palavra, sem a Cruz!
Sim , eu amo a mensagem da Cruz!

Por onde caminhas, juventude?


"Por onde caminhas, juventude? E o que buscas nas cordas da guitarra? Será que a paz está dissolvida, ou será que é a vida, que nada mais narra?" Esse era o refrão de uma canção que ouvi e guardei em minha mente e meu coração nos anos 1990, no auge de minha juventude, época em que participava de festivais de música católica na região que morava, num dos quais esta canção foi uma das vencedoras. Sua letra é bem interessante, e por esses dias lembrava-me dela, e pareceu-me uma voz profética daquilo que começava a acontecer naqueles dias, bem como uma previsão de nossa situação atual.
Tenho a oportunidade de, em razão de minha profissão, ver jovens e crianças, todos os dias... Entristeço-me ao ver uma geração tão apática, sem sonhos, sem ideais, sem lutas, sem objetivos, sem valores... Sem querer ser saudosista ou melancólico, sinto saudades de meus tempos de juventude, em que tudo que vemos hoje já existia... Drogas, promiscuidade, miséria... mas a juventude ainda tinha uma força, contestava, lutava, não se conformava.
Pode ser que eu esteja um tanto quanto enganado, mas o que hoje vejo na juventude é a morte dos sonhos, dos grandes ideais, dos objetivos de vida, que envolvia a construção de um mundo melhor... Nos acomodamos à tecnologia, deixamo-nos dominar pela máquina devoradora de consciências que é a mídia, e adoramos os fúteis ídolos que ela nos impõe, e deixamos nossos jovens à mercê desses ídolos, que moldam suas mentes a seu bel prazer, tirando a coisa mais maravilhosa que Deus nos concedeu: a liberdade. Juventude livre em sua consciência é uma força que ninguém pode segurar; poderia citar aqui centenas e até milhares de exemplos disso.
Mas, o que está acontecendo? Por que nossa juventude tem sido tão manipulada? Por que adultos, de minha geração, tem permanecido calados, apáticos e omissos com tudo isso? Por que deixamos nos dominar pelo espírito de acomodação, deitados em berço esplêndido, culpando animadores de palco que nós mesmos elegemos para nos representar nas instâncias mais superiores do sistema democrático, e que ganham pomposos salários para mal representarem nossos interesses e fazer de tudo pelos deles?
Lembro-me quando aprovou a lei que garantia o direito de voto aos 16 anos... Eu tinha 15, faltava poucos meses para fazer 16, e não pude fazer meu título eleitoral... Fiquei frustrado, mas prometi a mim mesmo que assim que o fizesse, faria o melhor pelo meu país... Creio que muitos pensaram assim... E hoje assistimos calados à falência dos valores, da decência, da moral, das virtudes, do ser humano... Por onde caminhamos? Por que tomamos esse caminho tão tenebroso?
Por sermos adultos, costumamos culpar os mais velhos e os mais jovens que nós pelas mazelas da vida... Mas vamos assumir nossa culpa, bater no peito com pesar e dor, nos contristar, e por fim nos convertermos, mudar nossas atitudes, enquanto o Rei não vem, pois logo, bem em breve, pode ser tarde, e o choro ser eterno...
Pergunto para mim e para você, jovem de hoje e jovem de ontem, de minha geração, e daquelas que me antecederam: Por onde caminhas, juventude?... Será que a paz está dissolvida, ou será que é a vida, que nada mais narra?"
Onde estão nossos sonhos? Ideais? Virtudes? Onde está nossa voz profética? Será que a comodidade nos calou? Ou nos curvamos aos ídolos da pós-modernidade?
Pense nisso, e tome uma atitude...